Este artigo aborda a importância da avaliação de riscos relacionados a segurança do trabalho e segurança de processo em novos projetos, destacando a necessidade de garantir um ambiente de trabalho seguro desde a concepção até a implementação. A gestão eficaz dos riscos é vital para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores, além de contribuir para o sucesso e sustentabilidade do projeto como um todo.
Em um mundo em constante transformação, acelerado cada vez mais por novas tecnologias, é fundamental que empresas e organizações tenham um olhar abrangente sobre segurança do trabalho e segurança de processo em seus novos projetos. Dos projetos mais simples, como a compra de um equipamento de pequeno porte, passando por projetos maiores, como a construção de uma unidade industrial totalmente nova, a avaliação de riscos deve fazer parte de todo o processo visando não apenas a conformidade regulatória, mas também a criação de ambientes de trabalho seguros e sustentáveis.
É comum que projetos sejam conduzidos por times de engenheiros competentes, mas com foco muitas vezes direcionado ao processo produtivo e ao impacto na produtividade e na manutenção. Entretanto é vital que se tenha no time de projetos empresas parceiras para auxiliar neste processo e pessoas com foco em avaliação de riscos. Este modelo já ocorre em muitas organizações de grande porte, pois já enxergaram na prática que além de tornarem os ambientes mais seguros, isto também é estratégico do ponto de vista financeiro.
Para auxiliar os profissionais na avaliação de riscos, existem algumas ferramentas, sendo as mais conhecidas:
Análise Preliminar de Riscos (APR): A APR é uma técnica inicial que envolve a identificação de perigos e a avaliação preliminar de riscos associados a um processo.
Aplicação: É útil nas fases iniciais de um projeto para destacar áreas críticas que requerem uma análise mais detalhada.
Análise de Modo e Efeito de Falha (FMEA – Failure Mode and Effect Analysis): FMEA é uma abordagem sistemática para identificar modos potenciais de falha em um sistema, avaliar a gravidade de suas consequências e a probabilidade de ocorrência.
Aplicação: Pode ser aplicada para identificar e priorizar os modos de falha em processos industriais, ajudando na alocação eficiente de recursos para a mitigação.
Análise de Árvore de Falhas (FTA – Fault Tree Analysis): FTA é uma técnica que modela graficamente as relações lógicas entre falhas em um sistema para determinar as causas de um evento indesejado.
Aplicação: Útil para identificar eventos que podem levar a falhas críticas no processo e compreender as relações de causa e efeito.
Hazard and Operability Study (HAZOP): O HAZOP é uma técnica sistemática que envolve uma revisão detalhada de operações e sistemas para identificar potenciais desvios das intenções de projeto e suas consequências.
Aplicação: Amplamente utilizado na indústria para avaliar riscos associados a processos químicos e industriais.
Simulação de Processos: Utilização de software de simulação para modelar virtualmente o processo, permitindo a identificação e avaliação de riscos em um ambiente controlado.
Aplicação: Útil para entender o comportamento dinâmico do sistema e avaliar os impactos de diferentes cenários de falha.
Checklists de Segurança: Listas de verificação estruturadas que abrangem vários aspectos da segurança para garantir que todos os elementos críticos sejam considerados, muitas vezes utilizados para compliance de Normas Regulamentadoras.
Aplicação: Uma ferramenta prática e rápida para avaliações regulares de segurança.
Ao realizar uma avaliação de riscos relacionados à segurança do trabalho e de processos, é comum combinar várias dessas ferramentas e técnicas para garantir uma análise abrangente e eficaz. A escolha das ferramentas dependerá do tipo de indústria, do processo específico e das características do sistema em avaliação.
Algumas situações que podem ser evitadas com uma boa avaliação de riscos em projetos:
- Avaliação da aplicação segura e eficaz do bloqueio de energias perigosas, evitando situações como: Falta de válvula para bloqueio segmentado de um processo, falta de dreno ou dreno aplicado em local inadequado, falta de dispositivos para verificação de parâmetros de processo, entre outros;
- Avaliação de áreas classificadas (atmosfera explosiva), podendo adotar medidas de engenharia para eliminar ou diminuir a área determinada como classificada, trazendo mais segurança ao processo e diminuindo o custo do projeto, em função do alto valor de equipamentos destinados a áreas classificadas;
- Avaliação dos locais destinados a armazenagem de produtos químicos, com avaliação da incompatibilidade química para prevenir acidentes, assim como avaliação do sistema adotado em caso de vazamento, se o mesmo é adequado em caso cenário de vazamento parcial ou total do respectivo produto.
- Avaliação dos controles de processos mínimos que devo adotar no sistema, em relação a processos que contenham alta temperatura, alta pressão e produtos químicos perigosos.
- Avaliação dos possíveis impactos relacionados a insalubridade e periculosidade que este novo processo pode trazer, contendo por exemplo químicos classificados como insalubres, impactos na geração de ruído, calor, entre outros.
- Avaliação ergonômica que o novo equipamento a ser instalado pode gerar na operação, avaliando as posições e repetições de operação, questão de iluminação, entre outros.
- Avaliação de compliance de documentos, avaliando quais documentações serão necessárias a empresa possuir ou solicitar ao fornecedor, como por exemplo projetos de vasos de pressão e caldeiras, apreciação de riscos de máquinas e equipamentos, manuais de operação de máquinas e equipamentos, diagramas unifilares das instalações elétricas, entre outras. Documentações estas, que são importantes para manutenção e operação segura, assim como são importantes para apresentação aos órgãos fiscalizadores em caso de uma fiscalização.
Em avaliação de projetos, já me deparei com situações como a de uma instalação de pit stop de empilhadeira, na qual a instalação continha um tanque de armazenamento de GLP e dois pontos para abastecimento dos cilindros de GLP para as empilhadeiras. Porém, próximo a esta instalação estava projetada uma calçada que as pessoas de um determinado prédio administrativo iriam fazer uso para se deslocar até o prédio. A calçada ficava dentro da zona de risco determinada pela Norma Regulamentadora 16, ou seja, a calçada estava localizada em um local que acabaria gerando um passivo trabalhista em relação a periculosidade de todas as pessoas que iriam fazer uso para se deslocarem até o prédio administrativo. Em função da avaliação de riscos em projetos, esta calçada foi deslocada para um local seguro.
Outra situação, bem corriqueira por sinal, uma bomba acoplada a um tanque de produto químico onde a linha de sucção da bomba não iria possuir válvula manual para bloqueio. Desta forma, para uma manutenção ou troca da bomba, todo o tanque teria que ser drenado para aplicação do bloqueio de energias perigosas acarretando aumento do tempo de manutenção e perda financeira do produto que teria que ser drenado sem necessidade.
Fazer as adequações necessárias na fase de projetos é muito mais econômico do que adequar a instalação, ou mesmo equipamento, depois de já estar instalado. Então, além de contribuir com a segurança do time de operação e manutenção, a avaliação de riscos em projetos traz ganhos na segurança do processo e financeiro.
Conte com o time da Ittus Consultoria de Riscos para realizar avaliação de riscos em projetos na sua empresa.